sábado, 30 de maio de 2015

PAPO SOBRE CORTES

Vou caducar vendo coisas inusitadas no mundo virtual. Um mundo de imagens e palavras desfilando a uma velocidade estonteante, diante de olhos e ouvidos curiosos... É sobre uma dessas imagens que vamos conversar. Trata-se da foto de um produto de supermercado, embalado e devidamente etiquetado, como manda o figurino. A história começa aqui. Sobre a etiqueta com código de barras, lê-se: PRECHECA/ Peso: 1.016/ Preço kg: 16,50/ Total: 16,76. Na parte superior da postagem, a indignação, digo, a indagação: “Alguém me explica que carne é essa???” E é claro que compartilhei a tal foto, na tentativa de obter mais informação para a curiosa parte. Você pode imaginar o alvoroço diante do tão cobiçado talho, e a partir daí, a conversa rolou solta! Resolvi então, na medida do possível, transcrever alguns comentários e dicas sobre a tal precheca a 16, 50 o quilo. De cara, um amigo disse que queria dois quilos sem osso, o que causou o maior espanto em outra amiga que retrucou de pronto: “Essa qualidade de carne não pode ir pro congelador. Vc vai comer tudo de uma só vez?!” A resposta dele é melhor deixar pra lá. Um outro, mais abusado, perguntou se era Friboi e confessou não fazer ideia de como se prepara uma precheca, afinal, ele sempre gostou mesmo é de músculo. Entendi. Uma outra disse que o quilo da precheca estava caro pra cassete; e mais um curioso queria saber se o tal corte ficava perto da sambiquira... Observem que pouco se sabe sobre precheca. Tenho cá meus conhecimentos sobre comidas e afins e prometo não economizar esforços para desvendar o mistério desse talho milenar... Pra começar devo dizer que trata-se de uma parte delicada, de tecido macio, porém firme, suculenta se preparada comme il faut. É um pedaço nobre, mas não se deixe enganar: tem precheca que não vale um pequi roído! Atenção na hora de escolher a sua! Uma boa precheca não se acha em qualquer esquina. Outra dica importante: a cor da precheca não define sua qualidade. Há uma gama de prechecas à disposição. Precheca saudável, gordinha ou magrinha (vai do gosto de cada qual), tem que ser limpa, bem tratada e fresquinha. Outra questão capital: o preparo da precheca. Aqui não há regras severas: cada um prepara a sua à sua moda e desejo. Porém, a melhor precheca é a in-natura, ricamente temperada pela Mãe Natureza. Nada de sal, pimenta ou qualquer outro condimento picante, no máximo, algumas gotas de azeite extra-virgem pra hidratar a superfície, e basta! Receita não vou dar, mas não despreze meus conselhos: precheca vai bem com outras partes igualmente gostosas: combine-a com músculo, picanha e língua. Sirva sempre bem quente (carnes mornas são indigestas) e terá muita satisfação. Aguce sua fome e aproveite! Bon appétit!