No pescocinho de cada um de nós tem uma glândula que lembra uma borboleta com as asas abertas: é a tireoide, a glândula responsável pela liberação dos hormônios que garantem o bom funcionamento de todo o resto do corpo. Se a produção de hormônios é insuficiente ou exagerada, a coisa complica geral e todas as outras funções do organismo podem ser afetadas, e são. Neste vinte e cinco de maio, Dia Internacional da Tireoide- eu nem imaginava que a dita cuja tinha um dia sagrado e olha que é do meu interesse, já que a minha é das mais preguiçosas- muita coisa foi esclarecida sobre a importância do bom funcionamento da glândula e segundo dados do Instituto da Tireoide, 15% da população acima dos 45 anos sofre com os ‘caprichos da borboletinha’. Os motivos? Não são poucos, entre eles, uma dieta desregrada relacionada ao consumo inadequado de iodo e uma pá de outros nutrientes, o selênio é um deles. A reportagem, além de alertar sobre os problemas que envolvem o mau funcionamento da glândula, selecionou alguns alimentos que nutrem a tireoide, garantindo assim mais saúde e um bem-estar geral mais duradouro. As algas marinhas, a castanha do Brasil (ex castanha-do-pará) e a quinua são fontes de proteínas vegetais e ricas em selênio; o salmão, a sardinha ou o atum também devem entrar no cardápio ao menos 3 vezes por semana; o leite e seus derivados (iogurtes e queijos), idem; a gema de ovo e a carne vermelha não devem ser excluídas da dieta; e uma laranja por dia, essa belezura de fruta, faz milagres pra saúde. Não estou dizendo pra ninguém se empanturrar dessas delícias. A falta ou o exagero degringolam as coisas. Equilíbrio e bom senso são fundamentais. Andar na linha é o remédio. Sem falar que o endocrinologista vai ser um amigo pra sempre. Sou péssima em andar na linha em se tratando de comida, mas ficam aqui meus conselhos. E viva a tireoide! Bon appétit.
segunda-feira, 28 de maio de 2012
segunda-feira, 21 de maio de 2012
COMIDA PREVISÍVEL
Diferentemente da comida reconfortante, que acalenta o corpo e o espírito, a comida previsível (aquela simétrica demais no prato) é entediante e beira o mal-estar. A harmonia reside igualmente na assimetria e na imperfeição, pois assim a vida é, assim as coisas são. A comida previsível é como a pessoa previsível: aparentemente perfeitinha, mas quase sempre decepciona. Enjoa. Gente de verdade desliza, descabela, desfaz-se, descomplica, debocha... Comida de verdade nem sempre encanta os olhos, mas adula o paladar, apazigua a fome, aumenta o prazer, surpreende, provoca... Dá vontade, dá saudade depois. Aqui vai um exemplo de comida previsível: todo mundo já comeu salada de folhas com croûtons, aqueles quadradinhos nojentos de pão amanhecido, regados com azeite e salpicados com ervas, assados em forno bem quente até dourar, e depois de frios são jogados sobre as folhas, só pra aproveitar as sobras de pão e dar um croc-croc ao prato. Pois bem, repare nos tais croûtons, todos iguais, quem come um já sabe o gosto que o outro tem. É a monotonia do previsível, o desalento da mesmice, o desencanto do lugar-comum. Ficam ali, na borda do prato, rejeitados, esquecidos... Pelo menos em casa, faça croûtons diferentes: rasgue pedaços irregulares e generosos de pão, mas que caibam inteiros na boca, regue-os com um bom azeite, tempere alguns com alecrim, outros com tomilho, outros com pimenta calabresa, outros com orégano, alguns com raspas de limão e vinagre balsâmico, outro tanto com o que seu desejo mandar. É a diferença que traz graça. Leve ao forno quente até dourar e pronto. Eu faço croûtons até de macarrão instantâneo, o popular miojo: abra o pacotinho (jogue o saquinho de tempero em pó no lixo!), quebre o macarrão em pedacinhos, frite-os em azeite quente até dourar bem e tempere com as ervas que preferir. Tire da frigideira, espere esfriar e jogue tudo sobre a salada. Ando enjoada de gente moldada em padrões e das comidas moldadas em aros: redondinhas, camufladas, insossas. Bon appétit!
terça-feira, 15 de maio de 2012
HOJE TEMOS...
Hoje, no meio da tarde recebi um envelope. Abri-o em um gesto natural, sem a menor preocupação com o remetente da encomenda. Surpresa boa. Era um livro, de capa linda, a terceira edição de “Hoje Temos... Receitas de Moçambique”, um presente prometido por uma amiga virtual. As poucas palavras da dedicatória me encheram de prazer, um prazer quase infantil, como aquele de desembrulhar um doce pra comer: “Elma, um pouco de Moçambique para você degustar! Beijos, Astrid”. Isso é carinho, e carinho de graça, alimenta. Obrigada mulher! O livro está recheado de receitas apetitosas que introduzem o leitor nas bases da comida daquele país africano; de desenhos singelos que mostram a vida simples no meio rural; de conselhos culinários; de poemas que falam de vida, de amor, da força da mulher... O título “Hoje Temos” evoca a expressão que os restaurantes utilizam para anunciar o prato do dia e confesso que, muitas e muitas vezes, tenho vontade de trocar os cardápios cheios de páginas e pompa dispensável- e comida medíocre- por um simples ‘hoje temos’ e basta! Minha amiga me recomendou um prato chamado Matapa, à base de folhas de mandioca e outras coisas salivantes, vou fazer, juro. Mas antes, quero experimentar o Arroz de Coco e Papaia. Vou transcrever a receita exatamente como está no livro, em português moçambicano, pra não perder a graça das palavras. Anote: 1 chávena de arroz, ¼ de chávena de água, ½ colher de chá de sal, ½ colher de chá de canela em pó, 1 cardamungo, leite de coco, 1 papaia madura, descascada, sem as sementes e cortada aos bocados. Ferva o arroz com água e sal, canela, cardamungo e o leite de coco. Reduza o fogo e deixe ferver lentamente durante 20 minutos. Revolva o arroz levemente com um garfo para soltar-se. Tape a panela e deixe fora do lume durante dez minutos. Corte metade da papaia e esmague. Deite a papaia esmagada e a outra metade cortada aos bocados no arroz e mexa. Serve-se quente. Sou doidinha por arroz. Sei, sinto que vou gostar. Bon appétit!
terça-feira, 8 de maio de 2012
NA COZINHA DA CASA DO PARQUE
A Casa do Parque está de portas abertas e na cozinha da casa, as panelas estão com os fundilhos quentes e eu, adivinhe, venho trocando a folha de papel pela tábua de picar, a caneta pela faca afiada e por aí vai... Meu parceiro de forno e fogão, Rodrigo Souto, pica, salpica e triplica os sabores. O menu inaugural do charmoso café-bistrot paparicou as papilas de quem provou: focaccia de ratatouille, salada Santopietro, risoto de pera com alho poró, strudel de maçã, crepe doce de limão siciliano... E o pão da casa, um delicioso pão de semolina, servido com compota de cebola e laranja que faz todo mundo salivar. Os pratos escolhidos com carinho e cuidado, preparados à la minute, enchem os olhos, provocam as narinas e adulam o paladar. Porque para nós, na cozinha tem que ter paixão, e comida, além de nutrir, tem que dar prazer, muito prazer... Vou voltar para minhas panelas. Bon appétit!
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