Vou
caducar vendo coisas inusitadas no mundo virtual. Um mundo de imagens e
palavras desfilando a uma velocidade estonteante, diante de olhos e ouvidos
curiosos... É sobre uma dessas imagens que vamos conversar. Trata-se da foto de
um produto de supermercado, embalado e devidamente etiquetado, como manda o
figurino. A história começa aqui. Sobre a etiqueta com código de barras, lê-se:
PRECHECA/ Peso: 1.016/ Preço kg: 16,50/ Total: 16,76. Na parte superior da
postagem, a indignação, digo, a indagação: “Alguém me explica que carne é
essa???” E é claro que compartilhei a tal foto, na tentativa de obter mais informação para a curiosa parte. Você pode imaginar o alvoroço diante do tão
cobiçado talho, e a partir daí, a conversa rolou solta! Resolvi então, na
medida do possível, transcrever alguns comentários e dicas sobre a tal precheca
a 16, 50 o quilo. De
cara, um amigo disse que queria dois quilos sem osso, o que causou o maior
espanto em outra amiga que retrucou de pronto: “Essa qualidade de carne não
pode ir pro congelador. Vc vai comer tudo de uma só vez?!” A resposta dele é melhor deixar pra lá. Um outro, mais
abusado, perguntou se era Friboi e confessou não fazer ideia de como se prepara
uma precheca, afinal, ele sempre gostou mesmo é de músculo. Entendi. Uma outra
disse que o quilo da precheca estava caro pra cassete; e mais um curioso queria
saber se o tal corte ficava perto da sambiquira... Observem que pouco se sabe
sobre precheca. Tenho cá meus conhecimentos sobre comidas e afins e prometo não economizar
esforços para desvendar o mistério desse talho milenar... Pra começar devo
dizer que trata-se de uma parte delicada, de tecido macio, porém firme, suculenta se preparada comme il faut. É um
pedaço nobre,
mas não se deixe enganar: tem precheca que não vale um pequi roído! Atenção na
hora de escolher a sua! Uma boa precheca não se acha em qualquer esquina. Outra
dica importante: a cor da precheca não define sua qualidade. Há uma gama de
prechecas à disposição. Precheca saudável, gordinha ou magrinha (vai do gosto
de cada qual), tem que ser limpa, bem tratada e fresquinha. Outra questão
capital: o preparo da precheca. Aqui não há regras severas: cada um prepara a
sua à sua moda e desejo. Porém, a melhor precheca é a in-natura, ricamente temperada pela Mãe Natureza. Nada de sal, pimenta ou qualquer outro condimento
picante, no máximo, algumas gotas de azeite extra-virgem pra
hidratar a superfície, e basta! Receita não vou dar, mas não despreze meus
conselhos: precheca vai bem com outras partes igualmente gostosas: combine-a
com músculo, picanha e língua. Sirva sempre bem quente (carnes mornas são
indigestas) e terá muita satisfação. Aguce sua fome e aproveite! Bon appétit!
sábado, 30 de maio de 2015
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