quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

NA TUA AUSÊNCIA



Há dias não escrevo. Não é por falta de tempo, de assunto bom ou por carência de boa comida. É preguiça, só pode. Preguiça de começar sem saber no que vai dar. Escrever ora adoça, ora azeda. Não me julgue, isso acontecia até com Clarice, por que não haveria de acontecer comigo? Mas é fim de ano e fim de ano é coisa especial. Tenho urgência! Resolvi apostar na afirmação dos franceses: “l’appétit vient en mangeant” (o apetite vem comendo) logo, a vontade de escrever vem escrevendo (?). Reuni meus livros, meus cadernos de receitas e passei a folhear um a um em busca de estímulo... Nada. É mais ou menos como ter a geladeira abarrotada de delícias e querer comer outra coisa, você sabe como é. Deixei pra lá. Meu deixar pra lá durou um punhado de dias. Ontem, porém, fuçando Comida e Bebida (PubliFolha), um livro recheado de contos, crônicas, poemas, receitas, canções e outros temperos pra vida, li na página 103:
FRUTAS VERMELHAS
Como frutas vermelhas, Na tua ausência, Tiro a roupa, Cometo indecências, Não te apresento, Minha livre docência, Porque ela não passa, Pela censura, Sou o que seria, Tua loucura, E a tua cura, Mas você, Ainda verde, Vai adiando, A experiência, E ainda usa, De grandiloqüência, Pra disfarçar, Sua resistência, Eu, pra não perder, A paciência, Como frutas vermelhas, Na tua ausência. (Canção de Alice Ruiz/ Paulo Tatit)
Fui pra cozinha. No congelador um restinho de framboesas, amoras e morangos esperavam por mim. Fiz uma calda espessa com as frutinhas. Coei grosseiramente. Deixei esfriar... Preparei um manjar branquinho com leite de côco. Virou uma espécie de escondidinho de frutas vermelhas. Decorei com lasquinhas de castanha do Brasil (ex-castanha do Pará) e finalizei com um raminho de hortelã. Ficou lindo, até vou fazer no Natal! Cometi a indecência de comer o pote inteiro (era pequeno). Bom demais! Descobri o que estava acontecendo comigo. Era saudade, só saudade. Depois passou. Voltei a escrever.
Bon appétit.

2 comentários:

  1. Elma,

    Comigo também acontece: Baixa o EXU-TRANCA-TEXTO entidade criada por Walcir Carrasco e que segundo ele não permite que saia do forno nenhuma crônica ou artigo!

    Quando ele vai embora os textos fluem novamnete! rsrsrs

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  2. Affff... Ainda bem que não acontece só comigo : )
    Cruzes!!! Isola!!! hahahahah
    bjossss

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