Há muito, muito tempo não escrevo. Não que esteja desiludida
com as palavras ou com as comidas do mundo, que são meus temas preferidos; nem é
por falta de tempo, que desculpa mais esfarrapada e feia não há; também não é
por escassez de assunto ... É que ando meio calada mesmo, das falas faladas e
das falas escritas. Há poucos dias deparei-me com uma postagem no FB, cujo título
era: Quem é o seu amante? Abri. Era um texto de Jorge Bucay que começa assim: “Muitas pessoas têm
um amante e outras gostariam de ter um. Há também as que não têm, e as que
tinham e perderam.” Geralmente, são essas últimas que vem ao meu consultório...
Elas me contam que suas vidas transcorrem de forma monótona... Enfim, são
várias as maneiras que elas encontram para dizer que estão simplesmente
perdendo a esperança. Antes de me contarem tudo isto, elas já haviam visitado
outros consultórios, onde receberam as condolências de um diagnóstico firme:
‘Depressão’, além da inevitável receita do anti-depressivo do momento. Assim, após
escutá-las atentamente... digo-lhes que precisam de um AMANTE! ... Amante é
aquilo que nos ‘apaixona’, é o que toma conta do nosso pensamento antes de
pegarmos no sono, é também aquilo que, às vezes, nos impede de dormir... é
aquilo que nos mantém distraídos em relação ao que acontece à nossa volta. É o
que nos mostra o sentido e a motivação da vida... Às vezes encontramos o nosso
‘amante’ em nosso parceiro... alguém que não é nosso parceiro, mas que nos
desperta as maiores paixões e sensações incríveis. Também podemos encontrá-lo
na pesquisa científica ou na literatura, na música, na política, no esporte, no
trabalho, na necessidade de transcender espiritualmente, na boa mesa, no
estudo... Enfim, é ‘alguém’ ou ‘algo’ que nos faz ‘namorar a vida’ e nos afasta
do triste destino de ‘ir levando’!... Por favor, não se contente com o ‘ir
levando’, procure um amante... “ Entendi. Ando muda porque
tenho um amante. Estou de namoro com a vida! É um amante complexo e simples ao
mesmo tempo, verdadeiro, ético, humano, muito rico e belo... Refiro-me ao mais
antigo “sistema de saúde e longevidade na tradição milenar da Índia”: o Ayurveda,
que tem como um dos pilares, a Alimentação, ou seja, tudo aquilo que absorvemos
através dos cinco sentidos. Cá estou eu, de novo,
envolvida com a boa comida e seu poder de nos restaurar e nos elevar... Há
alguns meses, já inscrita em um curso, quando soube que a comida exercia um
papel muito importante no Ayurveda, arregalei os olhos, meu coração se
expandiu, pensei: é aqui que vou ter as respostas para muitas das minhas
indagações... Comecei a estudar para aprender mais sobre comidas, o uso das especiarias
e suas funções terapêuticas, mas confesso que continuo por um monte de outras
boas razões (mas isso é outra história). Ensinaram-me que uma refeição perfeita
deve ter os seis sabores: o doce, o salgado, o ácido, o picante, o adstringente
e o amargo, e que podemos equilibrar nosso organismo, aumentando nosso poder de
digestão através do emprego adequado de cada um deles. É aqui que entram as
especiarias com seus poderes “mágicos” de transformação e cura, além de
encherem nossos pratos de cores e gostos diversos! Eu, que já
tinha uma tendência a fazer algumas “bruxarias” na cozinha, agora estou mais
atrevida, tenho aval! E posso afirmar, sem titubear, a cozinha é o útero da
casa! Saúde!
Bon appétit!
Você não deveria parar com suas falas escritas nunca, Elma. É um prazer muito grande te ler, da mesma forma que (e isso só imagino) deve ser comer a tua comida.
ResponderExcluirHummmmm também tenho implico de bruxaria na minha cozinha... quero fazer um curso desse, me avise no próximo! E adoro essa mescla de sabores tudo junto misturado! Bjs
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