terça-feira, 16 de novembro de 2010

COMIDA É PATRIMÔNIO



A lista do patrimônio cultural imaterial da humanidade, criada por uma convenção em 2003, tem como objetivo proteger culturas e tradições populares, bem como lugares e monumentos. Terça-feira passada, 16 de novembro, a “comida gastronômica francesa” engordou a tal listinha que agora conta com 178 práticas culturais e/ou tradicionais. Um comitê da UNESCO que reuniu entendidos no assunto em Nairóbi (Quênia), considerou que a gastronomia francesa com todo seu zelo para se preparar a comida, reúne ce qu’il faut para abrilhantar a lista, já que a culinária francesa está diretamente ligada a uma “prática social destinada a celebrar os momentos mais importantes da vida dos indivíduos”, afirmaram os especialistas (que também devem ser bons de garfo!). Pela primeira vez uma “cozinha” que envolve comida, bebidas, utensílios utilizados, aspectos culturais, é citada no patrimônio da humanidade. Parabéns aos franceses que a essa altura já empinaram mais um bocadinho os avantajados narizes, encheram ainda mais o peito e estão, pra variar, salpicados de orgulho. Se a cozinha francesa é tudo isso (e é), o que dizer então da milenar cozinha árabe? Verdade seja dita: a cozinha mais humana que existe (mas este assunto fica pra outra ocasião).
Para mim, comida sempre foi patrimônio; é coisa sagrada; é o carimbo de um povo. E quem quiser realmente penetrar em uma cultura distinta, integrar-se, saber, há de começar a empreitada pela porta dos fundos: os mercados de cada cidade. É ali que se vê o habitante comum; ali se concentram os cheiros e as cores do lugar. Os mercados estão impregnados de tradições, de sabedoria popular, é história pura. A vida pulsa entre gente e alimento, e segue naturalmente seu curso. Isto, sim, é patrimônio!
Na esperança de ver, quem sabe um dia, a culinária brasileira engrossar a bendita lista da UNESCO, fica aqui minha sugestão: O Picadinho preparado pela Chef Eliane Carvalho, servido como plat du jour toda sexta-feira no Brie Restô, em Sampa. A criatividade, a delicadeza e a elegância na apresentação do prato, que vem acompanhado do nosso patrimônio nacional (arroz & feijão), provam que na cozinha (em tudo, aliás) é chic, chiquérrimo ser simples!
Bon appétit!

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