segunda-feira, 2 de maio de 2011

DE NAMORICO

Imagine-se estar (na verdade você sempre foi) loucamente apaixonada por um “cara” que todo mundo adora, sobretudo as mulheres. Mas te apresentaram o “primo” dele e você resolveu dar uma chance para o desconhecido só pra ver no que ia dar. Ele não é muito atraente, mas você é curiosa, curiosa demais pra resistir à tentação. A proposta foi no mínimo intrigante. O novo quase sempre é intrigante... É assim que ando há alguns dias. E de namorico com um completo estranho... Já ouvi dizer que se aprende a gostar, que o amor vem com a convivência. Será?! Quer saber, não custa tentar, afinal, estamos aqui para experimentar, apreciar (ou não), decidir, compartilhar. É o que vou fazer agora, contar tim-tim por tim-tim o desenrolar dessa saborosa história.
Foi em uma boutique de comidas naturais e produtos orgânicos que tudo começou. Conversa vai conversa vem, eu já estava quase de saída quando a atendente me apresentou Alfarroba como o substituto do chocolate. Li na embalagem: sem açúcar, sem lactose, sem glúten, sem cafeína. Pensei: e com certeza, sem gosto e sem graça! Mas comprei. Primeira mordidela um tanto quanto sem graça como havia imaginado. Porém um suave gostinho (de ainda não sabia o quê) aguçava minhas papilas. Então, sem julgamentos prévios, deixei-me levar pelo desconhecido. Morder era meu único trabalho. E aos poucos, na medida em que cada quadradinho da massa marrom misturava-se à minha saliva, um creme macio e saboroso como o chocolate, de cheiro ligeiramente defumado, me enchia de prazer. Sou pisciana, é pela boca que sou fisgada, rendi-me. Fui conquistada pelo charme discreto e irresistível do surpreendente fruto. Queria saber mais sobre ele. Estava apaixonada. A alfarroba é uma vagem de 30cm, marrom quando madura e vem de uma árvore das regiões mediterrâneas. Ela é usada como alimento desde a antiguidade; tem polpa macia, adocicada e é muito nutritiva. E pasmem: foram seus grãos uniformes e de peso constante que deram origem à unidade de medida utilizada pelos joalheiros, o quilate. Na França é chamada de caroube, que vem da palavra árabe kharrub que quer dizer “fava”. É também conhecida por pain de Saint Jean (pão de São João), pois, segundo a lenda, João-Batista alimentou-se com grãos de alfarroba e mel durante sua travessia do deserto. Ainda não fiz nenhuma receita com alfarroba, mas sei que a primeira vai ser uma mousse. Depois conto tudo. Bon appétit!

2 comentários:

  1. Me fez lembrar do nosso Ingá (ou algo assim). Um tanto quanto parecido na forma, não sei o sabor. Conhece? E quero experimentar o Alfarroba!

    http://en.wikipedia.org/wiki/File:Ing%C3%A1_Inga_edulis_2.JPG

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  2. Claro que conheço! ADORO!!! : )
    Fui criada comendo ingá no pé... Delícia!
    Bises Jan

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