segunda-feira, 14 de novembro de 2011

"NUNCA IMAGINEI UM DIA"

“Nunca imaginei um dia” é o título de umas das crônicas da Martha Medeiros, publicada em 27 de dezembro de 2009. Trata-se de como nos orgulhamos bestamente em dizer “eu jamais vou fazer isso” ou “nem morta eu faço aquilo”. Ela fala de como essas frases podem limitar nossas chances de experimentar o novo e nos privam de emoções. Ela conta, ainda, como foi difícil recomeçar um relacionamento com alguém totalmente diferente dela sem deixar de ser ela e que abrir o leque de possibilidades é um exercício que amplia nossa visão de mundo. Mulher sabida. Já faz um tempo libertei-me dessas frases e a vida tem sido complacente comigo, generosa mesmo. Nunca imaginei um dia escrever sobre comida, voar de balão, saltar de pára-quedas, atravessar o Atacama, ver um arco-íris no deserto de sal na Bolívia e o pôr-do-sol caramelo nas dumas marroquinas, nem 'sentir' os campos de lavanda da Provence; fazer o caminho de Compostela a pé foi quase um milagre e outros ‘milagres’ aconteceram... Ver as crias das minhas crias talvez seja o maior deles. Mas certamente ainda há um bocado de ‘nunca imaginei um dia’ pra levar a cabo: convidar o Paulo Ricardo (é, to falando do cantor) pra jantar e ele aceitar; cozinhar com destreza lagostas, lulas, polvos e outros bichos estranhos do mar; fazer um safári na África e dar uma volta gastronômica ao mundo; sair nas páginas centrais da Playboy (calma,é brincadeira), aprender a cantar e a gostar de ginástica e por aí vai... Mudar é próprio do ser humano. Aceitar que as coisas mudem, também. Mexer-se é sentir-se vivo. Experimentar e escolher é o que nos molda... As festas de fim de ano estão pra começar. Lá vem tudo de novo, tudo igual: ceia de Natal e o peru pagando o pato; tender, farofa de ameixa, nozes pra quebrar, champagne pra estourar, rabanadas pra engordar; presentes pra comprar; roupa nova pra virada do ano (qual é mesmo a cor da calcinha pra receber 2012?). Queria mesmo era fazer um Natal à la Jesus Cristo, com fartura de amor; e quando a fome apertar, comer pão com azeite, azeitonas rechonchudas e frutas secas; um carneiro assado com figos pra comer de joelhos (aproveite pra rezar e agradecer) e vinho, água, vinho, água... Pra quê mais? Parafraseando a Martha: já que é pouco provável que 2012 seja diferente de qualquer outro ano, que a novidade sejamos nós. Não é lindo isso? Surpreenda-se sempre. Bon appétit.

4 comentários:

  1. Bárbaro(como se dizia quando eu era mocinha)! Tem mesmo um monte de coisas que já fiz e que "nunca imaginei um dia". E outras tantas que ainda vou fazer e dizer o mesmo depois. E adorei essa sua sugestão de Natal à la Jesus Cristo. A gente tem feito o contrário: exagero na comilança, amor de menos e agradecimento quase nada.
    Beijão

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  2. Obrigada, amiga, pelo carinho de sempre!
    Abração especial pra vc : )

    Elma

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  3. Querida Elma este texto arrasou de profundo. Quanto mais vc doa de vc mais vc toca em nossos âmagos. Valeu querida obrigada pelas palavras. Beijinhos . Sheila

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  4. Eu é que me farto e me delicio com seu carinho. Grata. Beijos aos montes.
    : )

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