quinta-feira, 10 de novembro de 2011

FELIZ POR TUDO

Tenho uma amiga meio debochada que diz que não posso ver um ponto vermelho no calendário que lá vou eu, de mala e cuia, rumo a um destino qualquer. Exagero dela. Mas não se pode negar que ninguém como o brasileiro pra emendar dias úteis com um feriado nacional, de preferência bem no miolo da semana, e tecer o popular feriadão, aproveitar a folga inventada, apertar os cintos (em todos os sentidos) e decolar. Confesso que gosto de voar e gosto de aeroportos. Esse frenesi caoticamente organizado (às vezes nem tanto) me assombra e me diverte. Pois bem, mala e cuia despachadas, só me resta dar uma corridinha pra primeira livraria que pintar (em muitos aeroportos, a única). Experimente viajar sem levar livros de casa, só pra ter uma boa desculpa pra comprar algo novo. Há sempre um livro à nossa espera por aí, eu garanto. Como você pode adivinhar, fui direto para as prateleiras de livros sobre comida. Dei uma espiadela, mas nada me fez salivar ou me abriu o apetite, nada que valesse a pena abrir a bolsa. Mais uma voltinha, feito ritual de magia, em torno da pilha central dos mais vendidos e dei de cara com um livro da Martha, não uma Martha qualquer, aquela que diz que somos todas Doidas e santas, a do Divã, a que fala das Coisas da vida, a De cara lavada, a mesma do Topless, sabe? Pois é, a senhora Medeiros também é Feliz por nada. Comprei o livro. Recheado de crônicas leves e gostosas, Feliz por nada, mostra que somos o que somos, um bando de imperfeitos bem-intencionados (ou não) e que o melhor lugar pra se estar, independentemente das circunstâncias, é dentro de um abraço. Abri o livro, ali mesmo, na sala de embarque, feliz da vida, feliz por tudo, feliz de graça. Li a primeira, comecei a segunda: Quando Deus Aparece. “Não sendo visível aos olhos, ele dá preferência à sensibilidade como via de acesso a nós.” Fiquei ali, lendo, num chororô por dentro, discreto, mas incontrolável, sentindo e aproveitando mais uma aparição de Deus, desta vez nas palavras da Martha. Tentei segurar as lágrimas, quase consegui; prolongar o deleite do momento, em vão. Anunciaram meu voo. Como pensar em comida em uma hora dessas? Só consigo pensar em doçura, em anjos humanos ou não. É isso aí, vou fazer o Pudim dos Anjos (pra você, Martha), com 1 cx. de maria-mole de coco, 200ml de leite de coco, 1 lata de leite condensado, 1 cx. de creme de leite e 2 ovos (se quiser). Dissolva a maria-mole em 1 xc. de água fervente. Coloque tudo no liquidificador e bata bem. Despeje numa forma para pudim, previamente caramelizada, e leve à geladeira por, pelo menos, 4 horas. Incremente com o que seu coração pedir. Bon appétit.

Um comentário:

  1. Quero experimentar! Esse Pudim dos Anjos deve ser uma coisa assim dos deuses!
    Uma dica de leitura pra você que adora livros: Livro de Joaquim - Primeiro Volume de Tempo Perdido, de Laura Malin. Nada de comida, apenas uma bela viagem através dos tempos, com Joaquim percorrendo o mundo atrás de sua Leah.
    Beijão

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