quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

À LA FORTUNE DU POT



Eita quarta-feira. E nem é a de cinzas! Hoje foi um dia daqueles que só servem pra gente se sentir aliviado quando acaba e/ou pra gente rir depois (de muito tempo) que passa... Tentei desatar os nós das pendengas a manhã inteirinha. Nada avançou! A tarde não foi diferente. Nem a gata estava a fim de miar. Estômago nas costas e uma lerdeza de dar inveja a bicho-preguiça tomaram conta de mim. Geladeira quase vazia. Era dormir com fome (o que seria me dar por vencida) ou comer à la fortune du pot. Tenho cá o meu orgulho. Fiquei com a segunda opção. La fortune du pot não é nenhum nome de comida chique mas uma expressão francesa bacana que implica em se virar com o que se tem na cozinha. Não estou falando de juntar sobras e fazer aquela especialidade culinária que os goianos chamam de “mexidinho”, sabe? Ahhh sabe, sim! Todo mundo já fez isso pelo menos uma vez na vida... Quebra-se um ovinho no meio da panela com um pouquinho de óleo, acrescenta-se uma cebola picadinha (possivelmente você só vai ter meia cebola murchinha murchinha), juntam-se as sobrinhas do almoço, uma pimentinha pra dar um gostinho, uma farinhazinha e por aí vai (goianos e mineiros adoram diminutivos pra dizer que essa gororoba pode ficar gostosinha demais sô!). Voltemos à nossa expressão que está mais ligada à criatividade e à habilidade de cada faminto estressado ou pego de surpresa com a visita inesperada daquele amigo adoravelmente cretino que não aprendeu ainda pra que servem os telefones nem os e-mails... Quer saber, continue amigo dele. Ele é capaz de dizer de boca cheia que nunca comeu nada tão simples e saboroso (e ainda vai lavar a louça)... Essa lenga-lenga toda é só pra dizer que hoje fiz uma saladinha à la fortune du pot e ficou prá lá de gostosa. Tomara que me lembre de tudo que misturei, mas se não for o caso, fazer o quê? Pelo menos essa minha quarta-feira serviu pra te dizer que à la fortune du pot é só um jeitinho francês despretensioso e simples de cozinhar.
Juntei pepino em rodelas finas, tomate-cereja, milho-verde em conserva, couve-flor crua em pedacinhos miúdos, migalhas de nozes (não tinha mais nenhuma inteira no pote) e cubinhos de mamão Formosa. Fiz um molho à base de mostarda, suco de uma laranja, sal, pimenta-do-reino moída e gengibre em pó. Comi com pão torrado. Olhei pra uma garrafa tentadora de vinho do Porto, presente de um amigo. Resisti. Sacanagem abrir sem ele, mas confesso, foi por um triz...
Bon appétit!

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