terça-feira, 17 de agosto de 2010

MINAS, O PAÍS DAS MARAVILHAS.



No mundo da gastronomia é comum dividir a cozinha brasileira em três categorias: a baiana, a nordestina e a mineira. O que é no mínimo injusto com uma culinária feito a nossa, infinitamente rica. Mas se assim tiver que ser, é esta última que, a meu ver e pro meu gosto, melhor retrata o brasileiro comum, de alma despretensiosa, quase ingênuo. É na cozinha mineira que os alimentos simples, os grãos mais comuns, os bichos comestíveis se transformam, sobre o calor das lenhas do fogão caipira, em comidas inesquecíveis, de sabor inigualável. O arroz cozido tem que ser branquin e soltin, o frango criado no quintal vira franguin no molho cremoso e amarelin, o feijão se transforma em tutu apimentadin, o milho é sempre bem cozidin, tem couve e quiabo refogadin e a doce banana frita, que essa não pode faltar, rechonchuda e molhadinha, pra coroar a refeição e até virar sobremesa, se coberta com açúcar e canela, aí vai do gosto do freguês. Os mais exigentes não abrem mão da combinação popular que homenageia o amor, Romeu & Julieta; os gulosos e sem muitas restrições alimentares se deleitam com a goiabada cascão feita no tacho de cobre, o figo em calda grossa, o doce de leite bem apurado apelidado de “pingo”, o pudim de leite, o doce de ovos e a ambrosia, ah a ambrosia, esse doce sem precedentes, o hors-concours das delícias açucaradas, o melhor doce do mundo! No país das maravilhas é tudo tão “in e inha” que se você não abusar da abusada cachacinha mineira, dá até pra encerrar a refeição com um cafezin preto acompanhado de rapadura em pedacin. Sem falar que em matéria de panelas, Minas desbanca todo mundo com as suas de cobre ou de ferro, as de barro e as de pedra que são o sonho de todo cozinheiro doidin por elas.
Outro dia li um frase da chefe Ana Luiza Trajano, profunda conhecedora da culinária brasileira: “... em gastronomia é sempre muito mais difícil fazer o simples. Ter os ingredientes corretos, colocados da forma certa, é o que traz a verdadeira riqueza da comida.” Em Minas Gerais é assim, uai.
Saiba que existem muitas versões de receitas de ambrosia (algumas muito antigas) e sua origem é discutível; folheie os velhos livros de receitas da família, com certeza terá uma a sua espera. Você sabia que Ambrosia significa “manjar dos deuses do Olimpo que traz a imortalidade”? Viva Minas!
Bon appétit!

Um comentário:

  1. Eu estive em Goiânia há duas semanas e trouxe uns docinhos na bagagem: o pingo de mel que é feito de leite e a ameixinha que é feita de queijo. Deus! Cuda de mim que eu me acabo comendo pingo!

    E lembrando que goianos são mneiros cansados, sempre que fala de panela lembro da briga que minha mãe arranjou por conta de um tacho de cobre. É um apego, um amor!

    Saudades docê!

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