segunda-feira, 13 de julho de 2009

SUSPIRO... LOGO, EXISTO!



Todo mundo tem um amigo “cretino” com nome de anjo. O meu, às vezes, some por alguns dias e reaparece assim do nada, cheio de novidades e aí a gente passa tudo a limpo e a nossa amizade se renova no prazer do reencontro. Desconfio que os laços se estreitem na medida em que o coração aperta e a língua destrava. O que não falta pra nós é assunto, um a um vai brotando naturalmente junto com as “abobrinhas” dessa vida insana. No nosso último encontro falamos mais de dores e de perdas, porém um delicioso cappuccino abrandou o assunto. Filtramos tudo e entendemos que tem coisa que não dá mesmo pra entender, aí a gente simplesmente engole. Naquela tarde falamos de como as pessoas não percebem a grandeza da vida nos detalhes miúdos e ele me saiu com uma frase mais ou menos assim: “Respirar nos mantém vivos e suspirar é ter a consciência disto.” Verdade! Suspirar acalma a mente, alivia o corpo. Mas cá pra nós, você pensou a mesma coisa que eu? O suspiro também adoça a boca e enche a gente de prazer! Não deu outra, lembrei de uma receita originária da Nova-Zelândia (ou da Austrália, mas essa briga não é nossa), elegante e deliciosa, criada para homenagear a bailarina russa Anna Pavlova quando em visita a estes países em 1926. A base desta delícia é um merengue especial que apelidamos de suspiro, acho até mais simpático pra esse doce tão... lúdico. A pavlova é uma sobremesa apaixonante, de beleza ímpar, daquelas que fazem a gente comer antes com os olhos, fantasiar sobre seu sabor e imaginar quão prazeroso será deitar-lhe uma mordida gulosa... Mas nossa rainha é sensível e prepará-la requer sobretudo delicadeza e paciência (coisa que me falta de vez em quando). Quer tentar? Providencie 4 claras em temperatura ambiente, 1 pitada de sal, 250gr de açúcar refinado, 1 colh. sopa de Maizena, 1 colh. chá de vinagre de vinho branco, 300ml de creme de leite fresco, polpa de maracujá, pedaços de manga, banana, kiwi, morango... Preaqueça o forno a 180°. Forre uma forma com papel manteiga e desenhe um círculo de 20cm. Bata as claras com o sal em ponto de suspiro, junte o açúcar aos poucos sem parar de bater até ficar firme e brilhante. Desligue. Acrescente a farinha e o vinagre delicadamente. Coloque sobre o desenho, afunde um pouco a parte de cima, alise os lados deixando as bordas mais altas. Leve ao forno e reduza a temperatura para 150°. Asse durante 1 hora. Desligue e deixe o “suspirão” dentro até esfriar completamente. Coloque-o sobre um prato e preencha o meio com o creme batido em ponto de chantilly. Decore com as frutas e derrame a polpa de maracujá usando uma colher. Se sua pavlova não ficar perfeita, relaxe... afinal, a perfeição não é, nem nunca será deste mundo.
Ah, esqueci de dizer que meu “amigo-anjo” não tem asas, mas é controlador de voo. Pudera, só tem amiga “avião”!
Bon appétit!

Um comentário:

  1. ué, acho que o blog comeu meu comentário.
    allez, encore une fois.
    que belo texto, elma. suspiros me lembram as férias da infância na casa da nona. ah, adorei o "trocadalho" do título. estás em buonissima forma!
    hasta!

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