quarta-feira, 1 de julho de 2009

REFAZENDO O MUNDO


Vinte e um de junho. É o começo de mais um verão europeu. É a Festa da Música abrindo as portas para esta estação na França. Todos os acordes do mundo vibram nas ruas de Paris. É música de toda cor pra todo gosto. É sinal de dias mais longos, de mais tempo fora de casa, de restaurantes lotados, de bares lotadíssimos, de mesinhas nas calçadas. É chegada a hora do rosé com aroma de frutas frescas, delicado e geladinho, perfumar hálitos de bocas que não se calam, senão para devorar enormes saladas, destinadas aos apetites vorazes. A capital francesa é isso e mais outro tanto, muito mais!São, no entanto, os petits cafés que traçam o perfil desta cidade tão sedutora. Não há no mundo outro lugar com tantos cafés e tanta diversidade. O grande charme desses bares está nas fachadas de vidro que nos permitem, ao mesmo tempo, aproveitar o aconchego do local e observar a rua no va-et-vient incansável de parisienses apressados e turistas deslumbrados... Tudo começou com a chegada da bebida escura, quente e perfumada, na metade do século XVII. Os grãos chegaram mesmo para transformar os hábitos locais. Dois visionários, Grégoire d’Alep e Procópio dei Corelli, entenderam logo que podiam tirar proveito da bebida tão prestigiada e transformaram tabernas já existentes, em salões mais sofisticados para acolher os mais ricos e os intelectuais. Surge então, Le Procope, o primeiro café literário de Paris, no bairro Saint-Germain. É também neste bairro nobre que estão o Café de Flore e o Deux Magots, fundados no final do século XIX, célebres como lugares de encontro, de debates, de confrontos políticos, de movimentos literários (J.P. Sartre era um frequentador assíduo) e de uma juventude exaltada, ansiosa, sedenta para “refazer o mundo”. Acho que pouca coisa mudou de lá pra cá, continuamos “refazendo o mundo” diante de uma xícara de café, de chá ou uma taça de vinho. Mas para quem é de poucas palavras e não tem a menor pretensão de mudar o rumo da história, sentar-se e ver as horas desfilarem já é um deleite, observar o formigueiro humano é, sem sombra de dúvida, enriquecedor. É disso que sinto saudades quando estou longe de Paris e sempre que descubro um jeito novo de saborear um café, penso em como seria tomá-lo ali, olhando o frenesi dos passantes...Foi uma amiga que me deu a receita dessa delícia que compartilho agora com vocês. É um café cremoso e suave que batizei de cappuccino da Chica. Junte um vidro de café solúvel, duas vezes a mesma medida de açúcar com uma medida (vidro) de água fervente e bata na batedeira por, aproximadamente, vinte minutos até obter um creme dourado, espesso e firme. Junte uma pitadinha de canela. Conserve a mistura no congelador. Para um café, coloque uma colher de sopa do creme em uma xícara grande e acrescente 150ml de leite fervente. Misture bem, cubra com raspas de chocolate amargo e (re)faça o mundo do jeito que bem quiser... Bon appétit!

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