quinta-feira, 25 de junho de 2009

O INÍCIO


Papel e caneta em mãos... Vou poder escrever sobre o que mais gosto: meu gosto pelo gosto. Transformar alimentos em verdadeira explosão de prazer... Vai ser mamão com mel! Doce engano... Como é difícil escrever sobre comida em um escritório! Decidi então me plantar à mesa da cozinha e deixar as idéias marinarem... Descobri em seguida que transcrever sentimentos gastronômicos pode ser mais penoso que desossar um boi!
Resolvi então, neste nosso primeiro “encontro”, contar como descobri aos poucos que adorava cozinhar. Fazer comidinhas quando criança era coisa comum entre meninas; querer experimentar pratos novos era natural já que sempre fui curiosa (e gulosa!); falar sobre gastronomia durante minhas aulas de francês era mesmo imperativo; porém, passar tardes inteiras em lojas de utensílios para cozinha, como atividade de lazer, era questionável! Mas ali estavam elas... As panelas! Descobri que simplesmente adorava panelas. Comecei a comprá-las e cada compra significava cozinhar com elas e cozinhar me estimulava a convidar amigos e os amigos me levavam ao compromisso de fazer bem e querer fazer bem, me levou a pesquisar, experimentar, arriscar e respeitar o “dar de comer”, já que está aí o ato mais genuíno de oferecer amor e carinho. Não resisti ao charme da cozinha de ‘bistrot’; aquele jeito despojado de cozinhar, com produtos da estação, comprados diretamente do produtor, preparados em fogo brando e servidos em pratos coloridos ( muitas vezes desemparelhados) em plena harmonia com o que será degustado.
Também em fogo brando tem sido meu aprendizado e quão pacientes são os Chefs que acreditam em mim. E é com o mesmo carinho que me proponho a falar aqui do “gosto pelo gosto”, desta inesgotável fonte de bem-estar: cozinhar e servir.

Cozinha de Bistrot
Teriam sido os Cosaques (soldados russos) quando ocuparam a França, por volta de 1914, que lançaram o famoso “bystro” (rápido em russo) para serem servidos rapidamente? Esta hipótese não tem mais muito crédito hoje em dia, pois está aí o grande paradoxo desta cozinha “de bairro” que chegou até Paris, preparada sempre em fogo lento, de cozimento demorado que, na maioria das vezes, era sacrificada em trinta minutos no altar das refeições rápidas sobre uma mesinha de toalha xadrez.A cozinha de bistrot foi se transformando ao longo dos tempos, ficou mais leve e refinada, mas sem perder suas origens e suas características de cozinha simples (que não significa necessariamente fácil), que se apodera de idéias novas e criativas que podem nascer a cada manhã nas feiras livres durante um passeio entre as barracas dos feirantes.Casamento entre o prato-do-dia e os produtos da estação, legumes e folhas fresquinhos, cada uma das receitas expressa nossa vontade de uma refeição singela e, sobretudo, generosa para ser compartilhada com os amigos queridos. O vinho é outro traço marcante para um lugar poder ser chamado de bistrot, já que na época em que surgiram, os bistrots eram locais onde as pessoas se reuniam para tomar vinho de tonéis servidos em mesinhas e nos balcões. Bon appétit!

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