
quinta-feira, 25 de junho de 2009
ME ENGANA QUE EU GOSTO!

E LÁ VAMOS NÓS...

Bebida doce, à base de leite gelado ou sorvete e (muiiiita) calda de chocolate, este antidepressivo natural e gostoso é capaz de curar alguns males do corpo e outros da alma, as mulheres que o digam! De bolsão (um verdadeiro escritório ambulante), “oclão” (para esconder as olheiras de noites mal dormidas), chinelo (porque descer do salto de vez em quando, é vital) e milk-shake de chocolate, lá vamos nós, mulheres de cara lavada, vencer ou pelo menos enfrentar, nossa mensal TPM e outras horas não tão doces que compõem o conturbado universo feminino.
As virtudes do chocolate são tantas, que mencioná-las em um único artigo, seria uma ingratidão com este tônico do coração, rico em proteínas, potássio e cálcio, sem falar na cafeína e na serotonina, que estimulam o sistema nervoso central, melhorando nossa performance muscular, combatendo o estresse e os estados depressivos.
Considerado o medicamento do amor, quase 40% das mulheres não hesitaria em sacrificar a libido em favor do prazer das papilas e bem-humoradas afirmam que preferem o chocolate ao sexo, por motivos óbvios: “o chocolate satisfaz mesmo mole; você pode comê-lo na frente de sua avó sem chocá-la; se você mordê-lo com força, ele não reclamará; as pessoas do mesmo sexo podem comer chocolate sem serem discriminadas; ninguém precisa fingir com o chocolate” (ufa!). E mais: “você não fica grávida com ele; você pode comer chocolate qualquer dia do mês; um bom chocolate é fácil de achar; nunca se é jovem demais nem velho demais para degustar um chocolate. Enfim, a espessura do chocolate não conta, todos são deliciosos!”
Mito ou ciência? O que conta aqui é o que ele provoca em cada um(a) de nós quando o degustamos. Um prazer quase proibido que nos leva a sucumbir à tentação; sua textura cremosa e seu aroma agradável inundam nossos sentidos provocando uma sensação de reconforto, um êxtase sem precedentes...
Caras leitoras, rendam-se ao chocolate pelo menos uma vez por mês! E rapazes do meu Brasil varonil, cuidem-se! (ou tenham sempre um ao alcance das mãos). Bon appétit!
BRACINHOS DE BATER POLENTA

“A gastronomia, enfim, quando partilhada, exerce a mais nítida influência sobre a felicidade que se pode encontrar na união conjugal.” - Brillat-Savarin
PECADO SERIA NÃO COMÊ-LA!

“Uma maçã por dia, mantém o médico longe.”
PREFERÊNCIA NACIONAL

Voltemos à nossa farofa... Em uma frigideira, derreta duas colheres de sopa de manteiga, doure uma cebola pequena picadinha e um dente de alho também picado. Junte meia xícara de chá de “bundinhas de tanajura”, frite-as ligeiramente e em seguida, acrescente uma xícara de chá de farinha de mandioca peneirada. Acerte o sal. Salpique salsinha picada a gosto. Decore com algumas apetitosas pimentas frescas (a dedo-de-moça dá cor e vida ao prato) e sirva como acompanhamento, de carnes, por exemplo.Minha sugestão: na hora de propor o prato, lance mão do seu sorriso mais faceiro e pergunte: Vai uma bundinha aí? Bon appétit!
“Algumas vezes é obrigada pelas circunstâncias, dá pedaços de si para que sua colônia prospere. Ela produz certos tipos de ovos que são, talvez, sacrificados em favor daqueles outros primeiros postos. É assim a vida de muitas mulheres que encontrei pelas estradas do nordeste. Verdadeiras tanajuras, evidente que não estou tecendo nenhum elogio ou comentários à bunda delas, mas à entrega que fazem a sua família, a sua colônia, bem como à criação e manutenção da família.” (desconheço o autor)
IPE IPE IPE... NÓS SOMOS UMA EQUIPE!

“Resista a tudo - menos a tentações.” (Oscar Wilde)
CAIA DE BOCA NO OUTONO!

E os frutos maduros, prontos para (nos) alimentar, caem pesados, suculentos, deliciosamente apetitosos... O outono é abundante, farto, um amigo generoso. Ele antecede o repouso regenerador do inverno, tão necessário para a renovação da vida nas flores da primavera e logo depois, sob o sol do verão, corpos e almas estarão envolvidos em aconchegante calor, preparando um novo ciclo vital.
Tornamo-nos mais gulosos nesta vibrante estação do ano. É com ela que exercitamos o prazer sutil de comer com os olhos. É nesta época que as carambolas são mais doces, os abacates mais verdes e cremosos, o pinhão fica mais rechonchudo e macio, os caquis estão mais vermelhos, brilhantes, carnudos e sedutores, as melancias e os melões parecem sugar, da noite para o dia, toda a água do solo... É neste período que muitas frutas e hortaliças são tentadoramente mais gostosas. Não seria então, uma estratégia da natureza para nos fazer ingerir mais desses preciosos alimentos, nesta estaç ão tão propícia a doenças oportunistas? Mãe cuidadosa e astuta, ela sabe o que faz.
Voltemos a falar do gosto do outono, que é meu papel aqui. Usufruir dele é sentir na pele e no coração, o aroma singular que paira no ar; é ceder à tentação das cores, dos arrepios e dos sabores; é se deixar levar pelas delícias de uma boa conversa mole, daquelas que abrem o apetite, sabe? (os apetites, talvez).
As estações do ano, por essas bandas de cá, são muito menos definidas em relação aos países da banda de lá. Lançamos mão do inerte calendário sobre a mesa, ao invés de parar o corpo e calar a alma só para sentir a sutil mudança que ocorre à nossa volta. Estamos bem no meio deste período mágico de transição... Preste mais atenção!
Repare mais! Apenas observe... O outono está flertando com você. Um pequeno trecho do livro Afrodite- de Isabel Allende- que adoro, traduz com perfeição minha relação com esta estação: “A comida também entra pelos olhos. O frescor dos ingredientes naturais deveria ser suficiente, mas a incansável inventiva cozinha humana, mistura, transforma e decora os alimentos com a mesma paixão utilizada no arranjo pessoal.”A receita desta semana é colorida, saborosa, cheirosa, refrescante... E naturalmente irresistível!
Trata-se de um Méli-Mélo muito versátil de melancia e melão que pode ser servido no café da manhã, como sobremesa ou no lanche da tarde. Tire as sementes e corte em cubinhos a metade de uma melancia pequena; faça o mesmo com um melão madurinho e disponha as frutas cortadas (e o suco delas) em uma tigela grande. Reserve. Prepare duas ou três xícaras de chá verde como de costume, mas adicione um ramo de hortelã à infusão. Adoce a gosto. Deixe esfriar. Coe e regue as frutas. Leve à geladeira por algumas horas e sirva em taças transparentes decoradas com folhinhas frescas de hortelã. Não se intimide, caia de boca e... Bon appétit!
Tornamo-nos mais gulosos nesta vibrante estação do ano. É com ela que exercitamos o prazer sutil de comer com os olhos. É nesta época que as carambolas são mais doces, os abacates mais verdes e cremosos, o pinhão fica mais rechonchudo e macio, os caquis estão mais vermelhos, brilhantes, carnudos e sedutores, as melancias e os melões parecem sugar, da noite para o dia, toda a água do solo... É neste período que muitas frutas e hortaliças são tentadoramente mais gostosas. Não seria então, uma estratégia da natureza para nos fazer ingerir mais desses preciosos alimentos, nesta estaç ão tão propícia a doenças oportunistas? Mãe cuidadosa e astuta, ela sabe o que faz.
Voltemos a falar do gosto do outono, que é meu papel aqui. Usufruir dele é sentir na pele e no coração, o aroma singular que paira no ar; é ceder à tentação das cores, dos arrepios e dos sabores; é se deixar levar pelas delícias de uma boa conversa mole, daquelas que abrem o apetite, sabe? (os apetites, talvez).
As estações do ano, por essas bandas de cá, são muito menos definidas em relação aos países da banda de lá. Lançamos mão do inerte calendário sobre a mesa, ao invés de parar o corpo e calar a alma só para sentir a sutil mudança que ocorre à nossa volta. Estamos bem no meio deste período mágico de transição... Preste mais atenção!
Repare mais! Apenas observe... O outono está flertando com você. Um pequeno trecho do livro Afrodite- de Isabel Allende- que adoro, traduz com perfeição minha relação com esta estação: “A comida também entra pelos olhos. O frescor dos ingredientes naturais deveria ser suficiente, mas a incansável inventiva cozinha humana, mistura, transforma e decora os alimentos com a mesma paixão utilizada no arranjo pessoal.”A receita desta semana é colorida, saborosa, cheirosa, refrescante... E naturalmente irresistível!
Trata-se de um Méli-Mélo muito versátil de melancia e melão que pode ser servido no café da manhã, como sobremesa ou no lanche da tarde. Tire as sementes e corte em cubinhos a metade de uma melancia pequena; faça o mesmo com um melão madurinho e disponha as frutas cortadas (e o suco delas) em uma tigela grande. Reserve. Prepare duas ou três xícaras de chá verde como de costume, mas adicione um ramo de hortelã à infusão. Adoce a gosto. Deixe esfriar. Coe e regue as frutas. Leve à geladeira por algumas horas e sirva em taças transparentes decoradas com folhinhas frescas de hortelã. Não se intimide, caia de boca e... Bon appétit!
O outono está flertando com você...
COMEÇAR TUDO, TUDO DE NOVO...

A minha não está mais por aqui. Agora eu é que sou mãe. Tenho alguns poucos traços daquela que foi a melhor mãe do mundo. Aliás, em uma de suas deliciosas crônicas, Martha Medeiros afirma que “somos as melhores mães do mundo... somos bilhões de “as melhores” espalhadas pelo planeta. Ao menos, as melhores para nossos filhos, que nunca tiveram outra. Não é uma sorte ser considerada a melhor, mesmo se atrapalhando tanto? Mãe erra, crianças... erramos um pouquinho, todo dia, por amor e por cansaço. O que nos torna as melhores mães do mundo é que nossos erros serão sempre acertos, desde que estejamos por perto.” A verdade é que as vezes, gostaríamos de parir os filhos de novo e aí sim, errar menos. Não temos direito a rascunho nem manual. Tarde demais. Sem contar que temos que lhes dar raízes e asas (alguém me disse isso). É ou não é de pirar qualquer uma aparentemente sã? E ainda falam mal de nós nos consultórios dos psiquiatras... Quer saber, é infinitamente mais fácil escrever. Tenho parido um artigo por semana, mas pelo menos posso fazer quantos rascunhos quiser! ( o pior é que depois de publicado, ainda acho que poderia fazer melhor...) Tão bom quanto escrever, é cozinhar... Será um prazer compartilhar com vocês, este pedaço da minha infância já distante... Junte um copo grande de nata, um ovo, uma xícara de chá de açúcar refinado, uma colher de sopa de fermento em pó, uma pitada de sal, 400gr. de amido de milho. Misture bem os cinco primeiros ingredientes e o amido aos poucos, até a massa desgrudar das mãos. Faça anéis ou bolinhas pequenas e coloque em assadeira sem untar, em forno médio pré-aquecido por 20 minutos, aproximadamente, sem deixar dourar muito. Um punhadinho de côco ralado ou raspas de limão podem dar um toque especial à massa. Bon appétit a todas as mães desse planeta! (dos outros também, sabe-se lá...)
“Mamãe, mamãe, mamãe... Avental todo sujo de ovo. Se eu pudesse, eu queria outra vez, mamãe, começar tudo, tudo de novo.”
QUANDO A PREGUIÇA ASSOLA...

O Conde de Sandwich, John Montagu- aristocrata inglês, nascido em 1718 - ordenou ao seu criado que lhe preparasse algo rápido e simples para matar a fome, sem ter que abandonar seus adversários em mais um de seus intermináveis jogos de cartas. Quase em pânico, o criado apanhou duas fatias de pão e colocou entre elas, uma generosa lasca de presunto... O sucesso foi tamanho que a partir daí, o conde e seus companheiros de carteado nunca mais jantaram. Bendito seja o criado que se fez criador! Ele, um desconhecido serviçal - tarde demais para desvendar sua identidade e rebatizar a simpática iguaria - acabava de inventar a comida que atravessaria o tempo e as fronteiras para se tornar a mais popular de todas.
E para homenagear os mestres da arte culinária, da cozinha elaborada, aqueles que nunca abrem mão da qualidade, do sabor nem da apresentação do prato, a receita desta semana prestigia o sanduíche quente mais plebeu dos descendentes dos gauleses: o croque-monsieur , um misto-quente “metido a besta”, é verdade, mas sem sombra de dúvida, délicieux! No interior da França, um croque é um sanduíche passado no ovo batido e depois frito. Em Paris, um monsieur (senhor) mais apressado come um croque (do verbo francês croquer que quer dizer morder algo crocante), prato rápido e quente para substituir a refeição do meio-dia, daí o seu nome. Pão de forma, presunto, queijo gruyère ralado, eis a base do popular sanduíche parisiense, hoje em uma versão mais requintada e mais saborosa.
Prepare um molho béchamel (molho branco suave) com 40gr de manteiga, uma colher (sopa) de farinha de trigo, ½ litro de leite, uma pitada de noz moscada, sal e pimenta-do-reino moída na hora. Deixe esfriar um pouco e espalhe uma camada do molho branco em uma fatia de pão de forma e, sobre o molho, coloque uma fatia de presunto. Acrescente mais uma camada de molho em cima do presunto e cubra com a segunda fatia de pão. Em seguida, esparrame queijo gruyère ralado sobre o sanduíche e leve ao forno por alguns minutos, até que o queijo gratine. Sirva acompanhado de uma salada de folhas verdes suavemente temperada e... “croque” à vontade! A versão feminina do croque-monsieur (vocês acham que os franceses iam deixar um monsieur sozinho?) é o croque-madame, servido com um ovo frito sobre o sanduíche. Aproveite estes dois clássicos servidos nos balcões dos charmosos cafés parisienses e... Bon appétit!
“Os franceses não passam de alemães que aprenderam a cozinhar.” (Fran Lebowitz- jornalista americana)
AMIGAS DA ONÇA

As mulheres bonitas e, sobretudo, as bem humoradas nunca engordam; quando muito, elas encorpam.
Bon appétit!
DOCE DELEITE...

“A gastronomia governa a vida inteira do homem; pois os choros do recém-nascido reclamam o seio de sua ama-de-leite, e o moribundo recebe ainda com prazer a poção suprema que, infelizmente, não pode mais digerir.” (Brillat-Savarin)
DOCE COOPERAÇÃO

Líquido espesso e doce, elaborado pelas abelhas a partir do néctar das flores, que é uma solução aquosa, composta de açúcar, proteínas, ácidos, sais minerais e óleo. A abelha suga o néctar de uma flor e o deposita no “papo”, onde o açúcar do néctar se decompõe em dois açúcares mais simples, a frutose e a glicose. Quando a abelha retorna à colmeia, “regurgita” o néctar nos favos e, durante esse processo, o néctar perde grande parte da água que contém, transformando-se em uma substância muito doce, com 80% de açúcar: o mel. Alimento energético apreciado desde os tempos mais remotos, poderoso revigorante, preventivo natural contra uma série de males.
Você sabia que a origem das abelhas remonta a 20 milhões de anos antes de Cristo e que o homem aprendeu a comer o mel, observando os animais que dele se nutriam? E pasmem: para fornecer um quilo de mel, as abelhas de uma colmeia percorrem uma distância que corresponde a seis voltas ao redor da terra (eu e “meu” caminho de Compostela ficamos no chinelo depois dessa). Eis um exemplo mais que perfeito de (co)operação. O mais doce resultado do espírito de união. O golpe final no “cada um por si”. O doce sabor da vitória sobre as intempéries da vida. Um milagre!
Seria um tanto inapropriado propor aqui, uma receita à base de mel, já que ele é, por si só, a mais nobre receita da natureza. Optei por seguir divagando... A cor e o sabor do mel dependem da espécie da flor de onde o néctar é extraído. No Brasil, inúmeras plantas são cultivadas para oferecer néctar às abelhas, entre elas, o cafeeiro, o eucalipto, o ingá, a laranjeira e o alecrim. O mel que resulta de cada uma dessas plantas é de sabor ímpar e inconfundível. Porém, o meu favorito vem dos vastos campos de lavanda, da região da Provence, no sul da França. Descrevê-lo é quase impossível, mas esse é meu papel aqui, então seja complacente e faça um esforçozinho para saboreá-lo através das minhas palavras... O miel de lavande tem consistência fina e cremosa; sua cor clara vai do branco marfim ao amarelo dourado; é delicadamente perfumado e tem sabor extremamente agradável, como se florezinhas de lavanda eclodissem sob o limitado céu da nossa boca... Acredite, não há nada que se assemelhe a isto!
O mel de lavanda é reconhecido como um dos melhores do mundo. Ele tem a garantia do selo Label Rouge que atesta sua procedência, pureza, qualidade e sabor. Os habitantes da região Provence-Alpes-Côte-D’Azur têm tanto orgulho dele, que o consideram um patrimônio nacional.
Inclua mais mel em sua alimentação, seja ele de abelhas brasileiras ou europeias (você não vai conversar com elas mesmo). Lambuze-se e... Bon appétit!
“Por direito divino, o homem é o rei da natureza e tudo o que a terra produz foi criado para ele. É para ele que a codorna engorda, que o café moca tem um aroma tão bom, que o açúcar é favorável à saúde.” - Brillat-Savarin
ESSA PERA É... BATATA!

Os povos da Cordilheira dos Andes e dos vales do oceano Pacífico, mestres na arte de cultivar tubérculos, produzem com a batata yacon, bebidas, pratos salgados e doces, usam o fruto seco ou fresco. Para eles, “ tudo é bom com yacon”.
Pesquisadores peruanos e de outras partes do mundo, analisaram sua composição e descobriram um verdadeiro tesouro comestível. Este tubérculo rico em um tipo de açúcar(FOS), não absorvido pelo organismo humano, pode ser consumido por diabéticos e também por pessoas que querem reduzir o consumo de açúcares no organismo, sem abrir mão do prazer de uma refeição, seja ela, salgada ou doce. O FOS, se contenta em atravessar o organismo e ainda contribui para o bom funcionamento do sistema digestivo, estimulando e desenvolvendo enzimas benéficas para a flora intestinal, permitindo assim, uma melhor absorção de cálcio e vitaminas do grupo B. A batata yacon em pó, adoça bebidas e sobremesas de maneira natural e saudável. Cortada em lâminas finas, pode ser consumida como aperitivo, satisfazendo aquela fomezinha fora de hora. Enfim, o “xarope” obtido, apelidado mel de yacon, é consumido tanto por suas virtudes como alimento, como por puro prazer. Os japoneses se tornaram grandes consumidores também de suas folhas, na forma de infusão, para diminuir a taxa de açúcar no organismo, favorecendo a perda de peso e reduzindo o estresse, graças às suas propriedades antioxidantes. Vale mesmo a pena experimentar!
A receita desta semana pode ser servida como sobremesa ou no lanche da tarde. Capriche na escolha das frutas e surpreenda seus amigos com a salada de frutas verdes & batata yacon. Para 10 pessoas, você vai precisar de 1 melão, 250gr. de uvas verdes sem sementes, 4 kiwis, 1 abacate, 1 pêra, 1 batata yacon média crua, 1 colher de café de raspas de limão, folhinhas de hortelã para decorar. Para a calda, 150ml de água, 100 gramas de açúcar, 1 colher de sopa de mel, 1 ½ colher de sopa de suco de limão. Ferva a água com o açúcar, acrescente o mel e o suco de limão e deixe esfriar. Corte todas as frutas em cubinhos e as uvas ao meio. Distribua em taças e regue com a calda já fria. Coloque na geladeira e antes de servir, decore com as raspas de limão e as folhinhas de hortelã.Tenha sempre um... Bon appétit!
“Quem enriquece o corpo é o espírito. Tanto se adoece por comer em excesso, como se definha à míngua. Boa digestão depende do apetite e a saúde de ambos. A boa mente e boa vontade fortalecem o corpo.”(Shakespeare)
BATATA ENGORDA?!

Esse delicioso tubérculo, originário do Peru, quase sempre considerado o vilão das dietas de emagrecimento, só fará você engordar se for mal combinado com outros alimentos ou consumido em exagero. Falemos dele com carinho, sem drama e você se sentirá muito mais à vontade na hora de preparar um prato e se deliciar com ele.
A batata é um bom alimento, ela é rica em vitaminas e sais minerais, quando está crua. Infelizmente, ela contém amidos resistentes que os humanos não são capazes de digerir, por isso nós a cozinhamos antes de comer. Porém, ao mesmo tempo que o cozimento permite uma melhor digestão, ele aumenta consideravelmente o índice glicêmico (açúcar) do nosso saboroso vilãozinho. O melhor então, é consumi-la não cozida demais, como prato único e nunca como acompanhamento de carnes, por exemplo. O popular filé com fritas, pode até ser tentadoramente gostoso, mas é uma bomba para seu corpo e sua saúde. Eu sei, eu sei, é duro resistir a um purê cremoso; então, coma só o purê, acompanhado de uma boa salada de legumes, rica em fibras, pois elas contribuem para a redução do índice glicêmico dos alimentos, diminuindo o ganho de peso.
O vilão nessa história é, na verdade, nosso quinto pecado! E por falar nisso, a receita desta semana vai te obrigar a rezar depois de comê-la. Já que não dá pra viver sem pecar, que seja um pecadinho venial!
Para a Salada de batatas com molho de mostarda, você vai usar 600gr de batatas cozidas e firmes, 4 colheres de sopa de mostarda de Dijon, 5 colheres de sopa de creme de leite, 2 colheres de sopa de grãos de mostarda, suco de um limão, molho de soja, pimenta moída na hora, 2 colheres de sopa de salsinha picada. Corte as batatas em rodelas não muito finas e coloque em uma saladeira. Misture a mostarda, o creme de leite e os grãos de mostarda. Junte o suco de limão, o molho de soja, a pimenta. Regue as batatas e misture delicadamente. Finalize com a salsinha e... uma precezinha!
Outra coisa: para um bom resultado, use sempre batatas do mesmo tamanho, cozinhe-as comme il faut. Descasque e enxague bem as batatas. Coloque-as em uma panela com água fria, leve ao fogo alto e depois de levantar fervura, diminua a chama. Depois de 8 a 10 minutos, verifique o cozimento, espetando um palitinho nelas. Bon appétit!
“Vou despejando na pia a água fervente das batatas cozidas que ele tanto gosta. Meu Deus, isso é amor. Porém não vão para ele os meus sentidos. Ficam aqui na pia escaldante.(...) Da água escorrendo sobe um vapor que até parece o do começo do mundo. Vapor quente pegajoso (...)vagueando para muito além dessas minhas ficções de copa e cozinha." (Água fervente - Lucinda N. Persona)
"ESCOLHO TOMATES A DEDO"

Alguns pesquisadores acreditam que o tomate se origina da região do atual México. Inicialmente tida como venenosa, a fruta era cultivada apenas como ornamento e as primeiras espécies exportadas da América foram chamadas de pomodoro pelos italianos, pois eram amarelas, lembrando maçãs douradas. Os primeiros registros da espécie vermelha datam do século XVI e logo foram descobertas pela gastronomia.
Hoje, nossa fruta vermelha é a alma de centenas de pratos enriquecidos com sua cor e seu sabor doce levemente ácido. É a vedete da culinária mediterrânea. Alimento delicioso, riquíssimo em licopeno, o pigmento que dá cor à fruta, considerado muito eficaz na prevenção do câncer (de próstata, principalmente) e no fortalecimento do sistema imunológico; rico igualmente em vitaminas e minerais importantes para o organismo humano. Quanto mais maduros, maior a concentração desses nutrientes e se for cozido, acompanhado de um pouco de azeite de oliva, os benefícios podem ser ainda maiores.
Coma mais tomates, todos os dias se possível; usufrua de seus benefícios, da sua beleza, do seu sabor marcante; misture os diversos tipos de tomate que encontrar: o caqui (ideal para saladas e lanches), o italiano (perfeito para molhos), o cereja (delicioso como aperitivo) ...
Aprenda agora, a fazer a fresella, uma invenção simples e gostosa da cozinha napolitana: a torrada de pão velho temperada com os sabores do mediterrâneo. “Esta receita faz bem ao coração e dá muita alegria”, diz Carmela Abate, dona de restaurante.
Pique tomates maduros, junte azeitonas verdes, orégano, um pouco de cebola, algumas folhinhas de manjericão rasgadas (para exprimir melhor o gosto e o perfume), rúcula e um bom azeite de oliva. Coloque uma porção desta mistura sobre uma fatia de pão amanhecido umedecida com água gelada e... seja feliz! Outra delícia vermelha, é o picadillo de tomates (essa é de origem espanhola). Corte em cubinhos, 4 tomates maduros sem pele nem sementes, 2 cebolas, 1 pimentão vermelho pequeno, junte 2 colheres de sopa de salsinha picada, a mesma medida de azeite, 1 colher de sopa de vinagre de cherry (ou outro), sal e pimenta moída na hora. Misture bem e deixe repousar por 15 minutos na geladeira, antes de servir.
Hoje, nossa fruta vermelha é a alma de centenas de pratos enriquecidos com sua cor e seu sabor doce levemente ácido. É a vedete da culinária mediterrânea. Alimento delicioso, riquíssimo em licopeno, o pigmento que dá cor à fruta, considerado muito eficaz na prevenção do câncer (de próstata, principalmente) e no fortalecimento do sistema imunológico; rico igualmente em vitaminas e minerais importantes para o organismo humano. Quanto mais maduros, maior a concentração desses nutrientes e se for cozido, acompanhado de um pouco de azeite de oliva, os benefícios podem ser ainda maiores.
Coma mais tomates, todos os dias se possível; usufrua de seus benefícios, da sua beleza, do seu sabor marcante; misture os diversos tipos de tomate que encontrar: o caqui (ideal para saladas e lanches), o italiano (perfeito para molhos), o cereja (delicioso como aperitivo) ...
Aprenda agora, a fazer a fresella, uma invenção simples e gostosa da cozinha napolitana: a torrada de pão velho temperada com os sabores do mediterrâneo. “Esta receita faz bem ao coração e dá muita alegria”, diz Carmela Abate, dona de restaurante.
Pique tomates maduros, junte azeitonas verdes, orégano, um pouco de cebola, algumas folhinhas de manjericão rasgadas (para exprimir melhor o gosto e o perfume), rúcula e um bom azeite de oliva. Coloque uma porção desta mistura sobre uma fatia de pão amanhecido umedecida com água gelada e... seja feliz! Outra delícia vermelha, é o picadillo de tomates (essa é de origem espanhola). Corte em cubinhos, 4 tomates maduros sem pele nem sementes, 2 cebolas, 1 pimentão vermelho pequeno, junte 2 colheres de sopa de salsinha picada, a mesma medida de azeite, 1 colher de sopa de vinagre de cherry (ou outro), sal e pimenta moída na hora. Misture bem e deixe repousar por 15 minutos na geladeira, antes de servir.
“A ausência da fome é a felicidade. Comer é o meio de alcançá-la.” (Thomas Jefferson)
RELATO DE UMA COZINHEIRA SOLTEIRA & SUA PIZZA FAVORITA

Conquistá-lo pode ser mamão com açúcar ou um terrível angu de caroço, se ele não passar de um banana que se sente o rei da cocada preta, claro! O medo de descobrir que o cara pode ser um tremendo pamonha, me faz pensar em passar essa batata quente e partir para uma outra história sem pepinos nem abacaxis. Decido então, levar a situação em banho-maria e só pôr a mão na massa depois de ter certeza que, ele e eu, somos farinha do mesmo saco (paguei um preço salgado demais com aquele pastel de vento que tentou me fazer comer o pão que o diabo amassou). Sem papas na língua, decidi encarar o filé. Me plantei diante dele, vendi meu peixe, fiz caras e bocas para apimentar o encontro e brindei o momento, já que não se faz uma omelete sem quebrar alguns ovos... Quer saber o final dessa história? Pois bem, ela acabou como muitas outras, que você e eu, já vivemos. Em pizza!
Desfrute da alquimia dos sabores quando a alquimia das almas azedar. Chore só quando cortar cebolas. Você está com a faca e o queijo nas mãos. Corte o mal pela raiz! Entorne o caldo! Jogue farinha no ventilador (ligado)! Engula alguns sapos se for necessário, mas as rãs são infinitamente mais gostosas, garanto. Prepare-se para fazer a melhor pizza da sua vida e comê-la inteirinha se quiser. A pizza margherita, comprovadamente capaz de produzir o bom humor, quando consumida em proporções adequadas, pode virar remédio contra muitos males. Esta delícia napolitana, inventada em 1889 para homenagear a rainha Margherita de Savoia com as cores da bandeira italiana, merece nossa reverência. A harmonia de cores e sabores que reina entre o tomate, a mussarela e o manjericão fresco, não se compara a nenhuma outra. Do preparo à degustação, um santo remédio contra os males do coração, aqueles diagnosticáveis e aqueles outros, mais secretos.
Para a massa, use ½ litro de água morna, 900gr de farinha de trigo, 20gr de sal, 20gr de fermento biológico, 2 colheres de sopa de azeite de oliva. Divida a água em duas partes. Dissolva o fermento em uma delas, o sal e o azeite na outra. Coloque a farinha em uma tigela e junte a água com fermento. Misture bem, junte a outra parte de água, amasse e sove por 15 minutos ou até que fique lisa e não grude nas mãos. Volte a massa para a tigela e cubra com pano por 1 hora. Amasse por mais 5 minutos e divida em 6 partes iguais. Coloque-as sobre uma bancada e cubra-as com pano por mais 1 hora. Enfarinhe a bancada e abra os discos com rolo. Para o molho, use 1kg de tomates maduros, sem pele nem sementes, passados na peneira grossa, sal e orégano. Rale grosseiramente 600gr de mussarela. Coloque os discos em fôrma para pizza, cubra com molho e leve ao forno quente por 12 minutos. Retire, cubra com o queijo e leve novamente ao forno para derretê-lo. Quando a massa estiver dourada, retire do forno, salpique folhas de manjericão fresco e... Bon appétit!
“Os prazeres são como os alimentos. Os mais simples são os que menos enjoam.”
"YES, NÓS TEMOS BANANA"

Depois da “Bendita baderna” (marchinha carnavalesca deste ano), entra em cena a mais popular e a mais notável das frutas brasileiras, a bendita banana para restaurar o desgaste (eu diria desperdício) físico durante a tal festa. Preferências à parte, voltemos à nossa fruta originária do sudeste asiático, hoje utilizada na culinária de centenas de países. São consumidas ao natural, fritas, cozidas e assadas. A banana é uma fruta deliciosa, de polpa macia, de alto valor nutritivo e muito higiênica. Rica em açúcar, fibras, potássio, ferro e vitaminas e de fácil digestão, podendo ser dada às crianças a partir dos seis meses de idade. A bananeira, por sua vez, é uma planta de caule subterrâneo que se desenvolve em sentido horizontal, do qual surgem as folhas que crescem para fora da terra, formando o falso tronco, um espetáculo para os olhos! Apenas uma vez em sua vida, cada caule dá um ramo de flores que, aos poucos se transforma em um cacho de bananas, formado por lindas pencas que, ao todo, podem somar até duzentas frutas. É simplesmente mágico! Segundo uma crendice popular, quando a bananeira vai dar o cacho, ela geme como uma mulher com dores de parto. Outras crenças envolvem nossa fruta e fazem dela um alimento especial e curioso: a bananeira é considerada a árvore dos sábios, por isso seu nome científico, musa sapientum. Dizem também, que era ela, a fruta proibida do Paraíso (nisso eu até ponho fé, se levarmos em consideração sua curiosa anatomia). Entre as milhares de receitas deliciosas que levam banana, escolhi uma bem simples, que combina perfeitamente com nosso clima. Para fazer a “Salada africana de arroz com banana”, para quatro pessoas, você vai precisar de 200gr de arroz, 800ml de caldo de legumes, 1 cebola picadinha, 1 colher de sopa de óleo, 1 tomate sem pele nem sementes cortado em cubinhos, 3 ou 4 bananas nanica maduras e firmes, sal e páprica a gosto. Cozinhe o arroz al dente no caldo de legumes, escorra-o e deixe esfriar. Doure a cebola no óleo, acrescente os pedaços de tomate e refogue por 2 minutos. Corte as bananas em rodelas não muito finas e junte-as ao tomate, cozinhando por mais 2 minutos e incorpore, delicadamente, a mistura ao arroz já frio. Acerte o sal e salpique a páprica que dará mais cor e sabor ao prato. Esta receita de origem sul- africana acrescentará frescor ao nosso tradicional churrasco. Experimente! Bon appétit.
Posso controlar meu apetite; só não posso controlar meu sentimento em relação às frutas, em especial, às bananas. Sou louca por elas!
MAIS PICÂNCIA EM SUA VIDA

“Uma cebola pode fazer as pessoas chorarem, mas nunca existiu um vegetal inventado para fazê-las rir.” (Will Rogersat) Hum... será???
"AMADAS OU ODIADAS, MAS SEMPRE RESPEITADAS"

“Eu não sinto dor, a pimenta é meu mestre. Eu não sinto dor, a pimenta me leva além de mim. Eu não sinto dor, a pimenta me dá o sinal", este é o mantra contra a dor, para ser repetido silenciosamente, enquanto se experimenta a queimação. Quem avisa, amigo é. Bon appétit.
"EU VOU PRA MARACANGALHA, EU VOU."

“Cozinhar é uma paixão, a relação mais íntima do homem com sua sobrevivência e o prazer de viver.” (Júlio César Figueiredo, cozinheiro, poeta e publicitário)
EU ME AMO E É RECÍPROCO

“Tenho fases, como a lua. Fases e andar escondida, fases de vir pra rua... Perdição da minha vida! Perdição da vida minha! Tenho fases de ser tua, tenho outras de ser sozinha (...)( Lua adversa/ Cecília Meireles)
Morar sozinho está em alta, na moda mesmo, eu diria. Os seriados na TV falam deles, os lofts são para eles e as indústrias alimentícias investem pesado nas porções leves, só para eles, os solteiros. Morar sozinho pode ser sinônimo de geladeira magra ou pior ainda, comida que estraga e o caminho para o fogão, na hora da fome solitária, nem sempre é tão fácil e prazeroso quanto se imagina. A comida tem um papel importantíssimo em nossas vidas! Imagine-se sozinho e sem apetite... Seria simplesmente devastador! (me refiro, em particular, à falta de apetite!) Você pode não ser sozinho, mas se estar só, é fato no momento, aproveite-se! Fuja do miojo com hamburguer! Compre um lindo livro de receitas! Vá para a cozinha, refogue, apure, flambe... Deixe o resto do mundo lá fora! Divirta-se cozinhando para você! Pesquisei aqui e ali, em busca de pratos que pudessem preencher pelo menos, o vazio do seu estômago e me deparei com receitas inusitadas da culinarista Érica W. Ribeiro, todas deliciosas e de preparo relativamente fácil (mas sempre com uma pitadinha de tristeza) como o “Sanduíche preciso de ajuda”, o “Rosbife chorando de saudade”, a “Omelette para dormir comigo mesmo” e por aí vai... Fiquei imaginando uma refeição que tivesse como entrada, “Aspargos de um solitário com fome”, seguida do “Filé querendo você” acompanhado do “Risoto com saudade”, a sobremesa só poderia ser morangos cortando os pulsos se quisermos seguir a linha da nossa querida culinarista. Decidi então, criar um prato único, completo, simples, alegre, versátil e gostoso como cada um de nós deveria se sentir, pois é assim que realmente somos, sozinhos ou acompanhados. A “Salada eu me amo e é recíproco” deverá ser composta sempre (que possível!) de duas hortaliças (alface baby, repolho roxo), dois legumes (feijão branco, vagem), duas frutas (tomate cereja, melão), uma porção de carboidrato (pode ser seu miojo de sempre, quebrado cru, frito no azeite de oliva e usado depois de frio), uma proteína animal (queijo de búfala, por exemplo), folhas de manjericão fresco e molho suave à base de vinagre balsâmico de maracujá, mostarda de Dijon, azeite de oliva, alho picadinho (você não vai beijar ninguém mesmo essa noite), sal e pimenta moída na hora. Agora faça sua lista, corra para o melhor mercado de sua cidade, escolha cuidadosamente cada um dos ingredientes que vão compor seu prato, adote um ar de chef de cuisine na fila do caixa rápido e, sobretudo, aprenda a se divertir sozinho (modo de dizer, pois estarei sempre aqui, em pensamento, cuidando do seu apetite e do seu bem-estar). Inspire-se nos gatos que são, naturalmente, apaixonados por si mesmos.Bon appétit.
“ O prazer de estar só, cozinhando...”(Marcel Proust)
"É TEMPO DE PEQUI, CADA UM CUIDA DE SI."

“No cerrado, de solo tão infértil, a terra sofre muito para parir seus frutos.”(Mara Salles)
ÉRAMOS TRÊS NO DIA DE REIS (memória gustativa)

SOPA DE PEDRAS

Nas inúmeras versões desta história de origem portuguesa o homem, algumas vezes, é mencionado como malandro, outras como ingênuo, frade ou mendigo. No fundo, isso não tem a menor importância. O elemento que realmente conta, são as pedras, que saem da história como entraram, assim como o nosso personagem. Eles não tiveram qualquer participação no produto final, mas seu papel no processo de preparar a sopa foi fundamental. Enfim, o que ressalta do caso é que a simples (co)operação pode realizar milagres e aquecer a solidariedade congelada em cada pessoa. Não existem fronteiras para os sabores. Os gostos são fraternos. Alimentos de diferentes culturas se misturam e permeiam nossa história recheada de prazeres singulares. Produtos de origens diversas podem compor um inusitado prato harmônico, se este for o nosso mais profundo desejo. Não seria a gastronomia um delicioso (re)curso para aproximar os povos separados por barreiras imaginárias? Você, muito provavelmente, estava esperando de mim uma deliciosa receita de “peru de pernas pro ar”, regado à champagnes e frisantes. Désolée... Posso até ter tirado o dourado de sua festa, mas a essência do espírito natalino está mesmo é no fundo do caldeirão desta saborosa (re)feição fraterna. Faça sua sopa, com suas pedras, sirva-a com espessas fatias de pão ungidas com manteiguinha de azeite de oliva e aplaque a inquietação que a virada do ano impõe à alma humana desde os primórdios. Que cada manhã de 2009 seja um Réveillon em sua vida! Bon appétit!
“A gastronomia é um dos principais vínculos da sociedade; é ela que amplia gradualmente aquele espírito de convivência que reúne a cada dia as diversas condições, funde-as num único todo, anima a conversação e suaviza os ângulos da desigualdade convencional.” (Brillat-Savarin)
OLEUM PRIMUM ARBORUM

“Em cada gota de azeite, o sol e a brisa do mar deixaram sua marca inconfundível: o fresco aroma de grama cortada com sabor marcante de frutos verdes. Um milagre.”(Isaac Azar, primeiro brasileiro diplomado especialista em azeites pela OID)
DO PÓ VIESTE, PÃO COMERÁS E AO PÓ RETORNARÁS.

“Uma casca de pão comida em paz, vale mais que um banquete na angústia.”( Esopo, filósofo e escritor grego)
ACQUA ARDENS & AÇÚCAR

Os egípcios nos deram o primeiro sinal, curando suas moléstias com a inalação de vapores de líquidos fermentados. Os gregos, no entanto, vão adiante e registram o processo para a obtenção da “acqua ardens” entre 23 e 79 d.C. A água ardente, que pega fogo, vai para as mãos dos alquimistas que atribuem a ela, propriedades místico-medicinais e a transformam em “eau-de-vie” (água da vida), o elixir da longevidade. Longo mesmo foi o percurso da cana-de-açúcar para chegar até nós...Uma das mais doces descrições sobre o açúcar é de Brillat-Savarin, em quem me inspiro, frequentemente, para falar dos prazeres através do gosto. Substância doce ao paladar, cristalizável, o açúcar quando misturado a uma porção de água e levado ao fogo brando, nos fornece os xaropes aos quais podemos acrescentar inúmeros aromas; misturado com farinha e ovos, nos fornece deliciosos biscoitos e bolos; misturado ao leite, nos fornece cremes e manjares dos deuses; misturado às frutas e às flores, nos fornece as geléias, as marmeladas, as conservas que tanto nos seduzem. Enfim, misturado ao álcool, o açúcar nos fornece os licores (o primeiro deles foi inventado para reanimar a velhice de Louis XIV), que exercem um efeito energético sobre o palato e seus diversos perfumes inundam a boca de delícias. O termo vem do latim liquefacere (dissolver) referente às misturas que entram na fabricação da bebida. Uma arte muito antiga que se desenvolveu através dos tempos, quando cada convento, com seus frades e monges (conhecedores de ervas e destilaria), tinha uma fórmula secreta com propriedades digestivas, estimulantes e reconstituintes. Para que servem os segredos se não podem ser revelados? Não deter nem bloquear conhecimento, é manter o universo em movimento, é passar adiante, é co-criar. Aprenda agora a fazer, sem segredos nem mistérios, um licor nobre e versátil, forte e cheio de personalidade, simplesmente divino! O Liqueur 44 que tem em sua composição as “estrelas” dos meus três últimos artigos: o café, a laranja e a baunilha. Saboreie a descoberta deste segredinho e derrame-o por aí! Fofoca de receita corre, mas esta sim, faz bem pra todo mundo!Você vai precisar de uma bela laranja grande, 44 grãos de café torrado, 44 cubinhos de 2,5cm de açúcar (talvez você só encontre cubos com a metade deste tamanho então coloque 88 cubinhos), 1 fava de baunilha e 700ml de aguardente/cachaça de boa qualidade. Higienize a laranja e com a ponta de uma faquinha, faça um furo nela, introduza um grão de café e continue o processo com os grãos restantes. No fundo de um bocal, coloque os cubos de açúcar, a laranja sobre eles e a fava cortada ao meio no sentido do comprimento. Cubra com a aguardente e feche bem. Espere 44 dias antes de consumir e lembre-se de agitar, delicadamente, o recipiente de vez em quando para que os ingredientes se integrem. O resto é com você! Ache 44 maneiras diferentes de usá-lo e divirta-se! À votre santé! Bon appétit!
“Os que se empanturram ou se embriagam não sabem comer nem beber.” (Brillat-Savarin)
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